Só que dessa não se morre.
Mas tudo, menos a angústia, não?
Quando o mal vem, o peito se torna estreito,
e
aquele reconhecível cheiro de poeira molhada naquela coisa que
antes se chamava
alma e agora não é chamada nada.
E a falta de esperança na esperança. E
conformar-se sem se resignar.
Não se confessar a si próprio porque nem se tem
mais o que.
Ou se tem e não se pode porque as palavras não viriam.
Não ser o
que realmente se é, e não se sabe o que realmente se é,
só se sabe que não se
está sendo. E então vem o desamparo de se estar vivo.
Estou falando da angústia
mesmo, do mal. Porque alguma angústia faz parte:
o que é vivo, por ser vivo, se
contrai.
Clarice Lispector
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